28/12/24

DO REPUXO AO LAVARINTO



O repuxo tem um nome maravilhoso, é apenas repuxo mas não repuxa nada. Recolhe água do chafariz, aproveita o desnível e oferece a água a quem passa e outras pessoas. Noutros tempos era o centro da aldeia. As lojas de muitas profissões circundavam o belo lago circular e o repuxo dava água a todos os animais que por ali passavam. Os burros com as suas carroças, os cães e gatos que viviam na mais bela liberdade e o pequeno lago também era habitado por peixes de tamanhos variáveis. Gostava de ficar ali a perceber como aquela máquina funcionava e era junto dele que comia o pão  com queijo da aldeia. Foi ali que levei o primeiro puxão de orelhas e pela primeira vez vi gelo. Nas manhãs de primavera misturavam-se, o ruído da água a correr com as andorinhas que por ali passavam para beber água. Os idosos aproveitavam para usar o precioso líquido para lavar as mágoas e sacudir as moscas.

O lavarinto foi construído com um objetivo muito nobre: ajudar as donas de casa do sítio a lavar a roupa. Esta água não se cruzava com a da fonte anterior. Chegava ali límpida e tranquila. Poucas pessoas vi ali lavarem roupa. O que era normal era ver tudo verde com plantas que não havia noutro lado. A minha mãe preferia ir mais longe ... nunca lá lavou.

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