Os sentimentos passam, as poeiras assentam e haverá sempre uma forma de nos convencer que uma parte de nós não nos pertence. Vamos tentando ser felizes não fazendo sofrer os outros e renascendo em cada curva do destino.
Um piano serenerá sempre o que quero negar e vou apertando os dedos na mão para me lembrar que a minha história tem muitas lacunas. E peço chuva para me fazer voltar o sorriso das esperanças para que nunca possa negar o meu primeiro beijo.
Mas peço sol que me molhou e me criou, neste caminho ladeado de voltas, para viver ... viver!
Sinto saudades da infância. Não sinto tristeza pelos tempos de verões gigantes nem de invernos frios, mas tenho pena de ter perdido aquele meu pequeno paraíso, aquelas quinze ruas que se entrelaçavam desde a igreja ao Santo António. Os sonhos incontrolados de chegar a lado nenhum a inconsciência de não perceber o que era o mundo ou mesmo a simplicidade das coisas pequenas aerão sempre um refúgio para esquecer a realidade de hoje.
O espelho da água do repuxo sempre mostrará o que ali aprendi!
No reino de tempos passados em que as lendas mergulham apaixonadamente haverá sempre confusão entre a realidade e a imaginação. Será que estes sereias nunca se apaixonaram verdadeiramente por marinheiros? Será que elas não resultaram de experiências que o tempo apagou?
Seja de que forma for haverá sempre no nosso imaginário uma esperança em conhecer a verdade.
Saboreia um passeio na rua, aprecia o silêncio do campo, perde-te nas luzes da cidade, abraça a vida com a força que puderes ... amanhã o sonho continua.
A liberdade, as cores do outono, o sossego do teu coração, o pôr do sol, o cheiro do calor da terra, da brisa do nascer do dia, o riso de uma criança, o sabor de um chocolate, um abraço de um amigo ... não podes perder a vontade de viver mesmo se a loucura
te cercar.
Neste livro que alguém me emprestou, roça a tensão de alguém que não passa. Louco enredo indecifrável, pintura sem graça. Vou por aí, correndo à chuva, pisando poças de incerteza, corpo cansado... sem dó ... sinto-me vivo! ... em chama!