02/08/13

PARA O FRIO DO INVERNO

Ainda o sol não se sentia e já o carro de bois descia o caminho velho em direção ao lagar. Virava à esquerda e chegava ao curral, quando os primeiros raios de luz apareciam a nascente. Passava a Soalheira sem pressa nenhuma e só parava, na gatuna, os rodados pesados de metal e madeira. A brisa da manhã soprava leve e o comboio das oito soava logo ali numa curva apertada. O terreno do meu avô era um enorme triângulo com cem metros de frente e no quilómetro de profundidade, espalhavam-se pinheiros bravos que enfrentavam o vento do norte com toda a bravura. Trazíamos só os toros e raízes dos pinheiros cortados na primavera, com lacraus e ainda alguma terra.
O inverno era mais macio e a neve não assustava. E no verão seguinte lá iríamos novamente buscar toros que o meu pai arrancava na primavera.
 

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