25/01/14

TUDO VAI MUDANDO


As silvas escondem o poço, as ervas mal deixam ver o caminho e ESTE gasto pelas rodas das carroças eesconde-se lentamente. Já poucas ovelhas por ali pastam e os nossos avós já partiram Estranha ilusão desprendida do passado. Será que a ilusão vai  a lado algum?

24/01/14

LARGO DA PRAÇA


Por onde andam as vacas que viajavam diariamente para dar leite? Onde ficou o táxi que estacionava por aqui? Onde se esconderam os que foram à missa de domingo e enchiam o largo ao princípio da tarde? Por onde passa  o senhor prior que me puxava as orelhas por eu comer na rua? Este ainda é o largo onde cresci?

TAPADA NOVA


Os burros já não passam por aqui. O deserto vai crescendo por estas paragens. Um trator enfeitiçado pela paisagem rasga o silêncio e os poucos que acreditam fazem planos pouco ambiciosos. A aldeia ao longe aconchega-se à serra da Gardunha sob um céu lindo que nunca esqueço.
Para onde nos leva esta estrada?

22/01/14

DIZ QUE DISSE


Tanto tempo perdido roendo frases de histórias alheias. Quem disse, quem repetisse, quem não foi, quem se importa. Mas outros ouvem, vendem tempo ao desbarato para ouvir outros que estão na fila mas a olhar para o vazio. E tudo se precipita e tudo rapidamente volta ao normal. Quem sou eu para mudar uma pedra de lugar ou um pedaço do mundo, mas não consigo evitar que me passem na mão histórias ocas de quem não pensa.

13/01/14

CHAFARIZ DA SOALHEIRA


Oh chafariz da praça!
A tua graça em mim mora
Cantas sem olhar o tempo
Rodopias ao sabor do vento
Por ti meu coração chora
 
E se me revejo em ti
Indo com a água a correr
Lembro o que aí vivi
Fonte minha linda de morrer

02/01/14

PASTÉIS DE BELÉM


Me perco no amarelo das natas
Das luzes por trás das garrafas
Quero apenas um suave pastel
 
Não importam as chuvas amargas
De filas tortas e ingratas
Quero saborear um pouco de mel

CAMINHO ABERTO


Ano novo em velhas estradas
Suaves lombas, tantas subidas
Estranhas cores nos cercam
Escondendo esperanças perdidas

SUBIR A RUA DA SENHORA




Sintonia de granito cor de gasto
Abandonado por quem te plantou
Paredes sem lustro e sem lastro
Num sítio que tanta gente amou

BORBOLETA VOU CONTIGO


Asas tuas com que sonho
Me deixam ir sem rumo certo
Abraço forte de roxo tristonho
Num azul onde nunca me perco