Temos de te um cuidado com certas pessoas que nem dá para descrever. Uma pessoa dá a mão querem logo as duas, dá uma unha querem logo os dedos e por aí fora
Depois é o quese vê descuidam-se e zumba encostam-se e lá vão os óculos, os aparelhos auditivos e até mesmo aquilo que uso para manter o coração com batida constante fica atrofiado. Não se podem ter emoções matinais ...
Um lápis é um dos objectos mais deslumbrantes que o homem inventou. Uma ideia, um sonho ou até mesmo uma palavra pode ser registada no papel ou noutro suporte da escrita ou desenho. E não há idade para abrir uma estrada ou fazer sorrir um rosto humano. Tudo é fácil desde que a imaginação seja fértil.
Não sei se tenho alguma coisa a ver com Júpiter. Dizem que as nuvens deste longínquo planeta mexem ou já mexeram com estes ares. Mas admiro a força de Deus. As forças em jogo são imensuráveis, os movimentos magnânimos e o "sangue"parecido com o das estrelas. O céu continua afável e lá de longe apenas vem o silêncio rasgado por uma estrela cadente que acaba a sua viagem. Confio em Deus e no azul que separa o firmamento de forma indiferente.
Nunca estive a sul do equador. Cabo Verde fascina-me porque é por ali que nascem os furacões e a água é mais transparente. Depois há montanhas para subir, terras de aqui e de além, ilhas com espíritos temidos e vulcões adormecidos. E as gentes são humildes e alegres e as famílias são numerosas e com um coração enorme.
Um dia aterro na capital depois de voar por cima de todos as ilhas.
Tenho muitas memórias a bater à minha porta. A claridade é fraca e não consigo distinguir a maior parte delas. Não vejo bem os pormenores, mas as minhas mãos, a minha voz e o meu sorriso não me deixam mentir. Sinto aromas de frutos de outros tempos e passam primaveras em todos os sentidos.
De segundo em segundo elas crescem mas tento olhar em frente já que o amanhã não espera.
Rasgando a noite, lá vai o comboio com destino certo. Nele, companheiros desconhecidos contam pontes e vagueiam por entre as estrelas que teimam em correr junto à linha. Nas mesas pontificam bebidas e escrevem-se poemas sobre outras viagens com quase todos os sentidos.
A melodia dos carris embala as palavras e a pontuação balouçando ... pedindo silêncio.