29/09/10

ONDA SOMBRIA


Onda sombria
Invades o cais
Impelida pelo vento
Com a força dos canais

Tudo é escuro
Chuva de sofrimento
O homem acorda
Já mau é o momento

Não há leme
Nem lamento
O segundo é de tempestade
Acabaram-se as marés
Mudou a idade

27/09/10

HOJE O PRATO É O MESMO


Quem os ouve falar, entristece
Olha que dois. Quem não os conhece!
E argumentam
E lamentam
É só razão
Bem engravatados
Mas por aí, há tantos coitados
Sem um bocado de pão

Quem mente?
Quem se arrepende?
Quem escuta o que faz pouco sentido?
Será o escritor, será o livro
Quem não fica dividido?

26/09/10

OLÁ AMIGO JOÃO!




Um abraço de Portugal para o Arizona (Scottsdale).
Saudações.

OUTRA VEZ A TRISTEZA?


Perante todas as evidências
Pelas decências perdidas
Só se ouvem frases batidas
Conversa para as audiências

São caminhos de loucura
Com a verdade escondida
Feridas que o tempo já não cura
A velha pobreza esquecida

23/09/10

ÓCULOS


Temos de te um cuidado com certas pessoas que nem dá para descrever. Uma pessoa dá a mão querem logo as duas, dá uma unha querem logo os dedos e por aí fora

Depois é o quese vê descuidam-se e zumba encostam-se e lá vão os óculos, os aparelhos auditivos e até mesmo aquilo que uso para manter o coração com batida constante fica atrofiado. Não se podem ter emoções matinais ...

21/09/10

LÁPIS - PENCIL




Um lápis é um dos objectos mais deslumbrantes que o homem inventou. Uma ideia, um sonho ou até mesmo uma palavra pode ser registada no papel ou noutro suporte da escrita ou desenho. E não há idade para abrir uma estrada ou fazer sorrir um rosto humano. Tudo é fácil desde que a imaginação seja fértil.

LISBOA


Sigo o Tejo com a manhã
Antes de entrar no mar
Perco-me entre pontes
Meu destino é viajar

De manhã o norte,
De tarde o sul
Não importa a maré
Lisboa acorda
Lisboa adormece
E arrefece, o meu café

FIM DO VERÃO


Sopra uma brisa fresca
O Verão está a acabar
Já se agita a floresta
Rogando por chuva ao mar

Já há névoa sobre a serra
Já a lareira quer fumar
Já a chuva quer a terra
Já o calor nos quer deixar

E na roda das estações
O Outono está à porta
Sucedem-se os Verões
Mais volta menos volta

16/09/10

ÀS 3 PANCADAS

Com fragor fecho portas
Fulgurante ante o incerto
Sou andante, viajante, sem dor
Sou uma flor, vou perto

Com dor corto o silêncio
Da escuridão de um dia feliz
Quebro o súbito que não importa
Desligo daquilo que a noite diz

15/09/10

ESTRADA


Quem sonha anda, só contra o vento
Com os olhos capazes de chorar
E seguir ... sem um lamento

E aos poucos percebendo
Que há notas que não rimam
Quase nunca ouvindo, mas sempre vendo
Só as rajadas minam

Esticam a mão
Tocam no céu
Mas as portas estão fechadas
Procura, não encontra as palavras
Nem tudo é ilusão
É verdade que há estradas
Para ser trilhadas

07/09/10

EU QUERO IR

Sonho encontrar um amigo qualquer
Desenhar livremente um rosto de mulher
E registar ... num eleio de palavras
Um verdadeiro amor ... coisas raras
Sou um sonhador ... comedor da maçã
Que boia na onda da manhã ... eu quero ir

02/09/10

PARA OS LADOS DE JUPITER

Não sei se tenho alguma coisa a ver com Júpiter. Dizem que as nuvens deste longínquo planeta mexem ou já mexeram com estes ares. Mas admiro a força de Deus. As forças em jogo são imensuráveis, os movimentos magnânimos e o "sangue"parecido com o das estrelas. O céu continua afável e lá de longe apenas vem o silêncio rasgado por uma estrela cadente que acaba a sua viagem. Confio em Deus e no azul que separa o firmamento de forma indiferente.

POR CIMA DE CABO VERDE

Nunca estive a sul do equador. Cabo Verde fascina-me porque é por ali que nascem os furacões e a água é mais transparente. Depois há montanhas para subir, terras de aqui e de além, ilhas com espíritos temidos e vulcões adormecidos. E as gentes são humildes e alegres e as famílias são numerosas e com um coração enorme.
Um dia aterro na capital depois de voar por cima de todos as ilhas.
Um abraço a todos os caboverdianos

POR CIMA DAS MEMÓRIAS


Tenho muitas memórias a bater à minha porta. A claridade é fraca e não consigo distinguir a maior parte delas. Não vejo bem os pormenores, mas as minhas mãos, a minha voz e o meu sorriso não me deixam mentir. Sinto aromas de frutos de outros tempos e passam primaveras em todos os sentidos.
De segundo em segundo elas crescem mas tento olhar em frente já que o amanhã não espera.

POR CIMA DO SILÊNCIO


Rasgando a noite, lá vai o comboio com destino certo. Nele, companheiros desconhecidos contam pontes e vagueiam por entre as estrelas que teimam em correr junto à linha. Nas mesas pontificam bebidas e escrevem-se poemas sobre outras viagens com quase todos os sentidos.

A melodia dos carris embala as palavras e a pontuação balouçando ... pedindo silêncio.

NUNCA ME DEIXAS


Ouve minha oração, Deus meu
Eu sei que nunca me deixas
Compreende meus erros
Eu que já prometi não fazer queixas